quarta-feira, 20 de julho de 2011

Novela de uma gordinha... - 1° parte

Sem muito o que dizer ultimamente encontrei essa "novela" no meu HD externo... vamos ver se com ela eu encontro o meu Ganesha interior...


A Aposta.
- O que??? Eu DUVIDO!!! - Essa foi frase que eu recebi na mesa quando anunciei que não iria comer a batata frita porque eu estava de dieta. Aquilo me doeu tanto os ouvidos que me deu vontade de ir ao banheiro e vomitar tudo que eu havia comido e bebido no bar aquela noite. Mas baixei a cabeça me resignei... não era a primeira vez que eu anunciava às minhas amigas que eu estava de dieta. Principalmente nos meus maus distribuídos 125 kgs em 1,65 de altura, em 32 anos de vida e 22 contra a balança.  Todas as sextas nos juntávamos desde a faculdade para conversar e botar fofoca em dia. Eram sempre nós 4 falando de marido, carreiras, trabalho e por aí vai.. Carla* continuou a falar... 
- Você não perde peso nem com reza brava! Para que ainda se tortura com isso? Você é casada e tem 32 anos... nunca vai voltar a ter corpinho de 20... -

"Belas amigas..." Pensei enquanto terminava o meu refrigerante diet. Mas uma voz desconhecida que até então não tinha se pronunciado falou. 
- Boto fé! A quanto quer chegar? - Eu a encarei com sérias dúvidas... mas não havia ironia na sua voz.
- A 60. que é o corpo com o qual me casei... - chuva de risadas na mesa... eu fiquei mais vermelha ainda. Mas a mulher à minha frente não riu. Ela pegou a água a sua frente e bebeu um gole. - é muito... em quanto tempo? - A minha voz sumia cada vez mais. - Não sei bem. Talvez 6 ou 7 meses. - A outras ainda me olhavam com tom de zombaria.  Carla se virou para a novata da mesa. Mari* se eu não me engano... 
- Creio que você não conhece a Nara*.... Ela faz dietas desde que eu a conheço por gente... ela NUNCA emagreceu mais que 5 kgs! - Carla tinha razão... as outras começaram a rir baixinho das minhas outras tentativas. A única coisa que não havia tentado era a cirurgia. E eu estava deveras tentada a fazer, nessa altura...
- Se ela realmente quiser ela consegue. - Com essa a Mari havia conseguido a minha atenção. 
- Como assim? SE eu realmente quero??Mas eu quero! É o que eu sempre quis! - Acho que falei num tom mais alto que deveria, pois muitas mesas olharam para a gente.  
Mari me encarou. Ela tinha um olha calmo, que passava serenidade apesar de ser firme.
- Ta bom. Então você vai conseguir emagrecer... - Carla soltou uma gargalhada.
- Não... ela não consegue não! - nisso Mari a interrompeu.
- Você quer apostar? - Carla ainda ria da situação.
- Vai perder dinheiro... Mas eu estou disposta a ganhar! O que vamos apostar? - Mari começou a brincar com o copo.
- Que tal um banho de loja? Para mim e para ela, pois ela vai precisar depois que emagrecer! - Carla riu. 
- Ok. SE Nara perder peso, eu pago o tal banho de loja. Mas e eu? O que eu ganho?
- Tenho como conseguir uma casa de praia. Você vai, por minha conta... - Eu fiquei chocada com essa. E ela conseguiu a atenção de todas da mesa. Carla se inclinou para frente.
- E eu posso levar quem eu quiser? 
- Pode sim. Mas antes vamos perguntar para a maior interessada nessa história. E aí, Nara? Topas? - eu ainda estava sem fala. Mas o ar zombeteiro das outras na mesa me fizeram tomar a decisão. 
- TOPO!
Elas conversaram primeiro os termos da tal aposta. Chegar até 60 em janeiro era meio impossível, de acordo com Mari. Mas chegar a 100 era perfeitamente possível para quem trabalha e não tem nem tempo nem dinheiro para se enfiar num SPA. Eu tinha 6 meses pela frente. E uma pessoa resistente a dietas como eu... 
- mais uma coisa antes. Eu vou marcar um médico. Se ele disser que não há nada de errado com a saúde dela, a aposta ta fechada! - Mari ainda mantinha a serenidade e a calma que apresentara desde o início da conversa. Mas estava animada. 
Na segunda seguinte eu fui ao tal médico junto com a Carla e a Mari. Eu havia esquecido de como eram chatas essa bateria de exames e tudo mais. Mari me fez trazer os antigos exames e de todos os médicos que eu havia passado. Fora colesterol alto (relativamente normal para alguém com o meu peso) não havia nada de errado com a minha saúde ou parte hormonal. Depois do retorno, Mari disse que iríamos começar no domingo. 
Já havia adiantado para ela tudo que eu havia feito para emagrecer. Milhões de empresas para emagrecimento que eu tinha procurado e seguido o programa.  Ela sorriu e disse. 
- Não precisa repetir. Eu ouvi o que você disse ao médico. Comece com a medicação que ele te passou. E antes que eu me esqueça.... - Ela tirou um fichário pequeno com um elefantinho na capa. - Isso é pra você. - Eu ri de início, pensando "Bem providencial!" Eu abri temendo que tivesse kilos de receitas diets, dietas, programas de exercícios e o escabau que nos empurram quando estamos tão desesperadas para emagrecer. Para a minha surpresa eram folhas em branco, com cores diferentes.
- Esse vai ser o seu diário. Aqui você vai colocar o que comeu, quando comeu, porque comeu, se estava com fome ou não, e se sentiu satisfeita depois de ter comido.  
 Essa era nova para mim. Eu perguntei. - E a dieta? - Ela riu.
- Esquece dieta por enquanto! - Ela abriu na parte bege do fichário. - quando beber água, marque aqui, ta? E nunca beba menos que 200 ml a cada marca.
- E o lance de litros diários? 
- Esquece isso também. E aqui.... - Ela abriu em uma parte onde as folhas eram azuis. - é onde vão ficar as suas tarefas, peso e o mais que a gente fizer para te acompanhar, o que você anda sentindo nesse período... TUDO! Esse é o seu novo amigo! E está é a sua primeira tarefa... - No alto da primeira página além de algumas coisas que pedia, estava a pergunta "POR QUE EU QUERO EMAGRECER?" 
- Tem limite? - Ela sorriu.
- Não. Mas se você não tiver um motivo suficientemente forte para emagrecer você não emagrece... E vamos devagar... confie em mim! Nada de dieta, nada de controlar o que você come, nada! Apenas... escreva! - Ela me deixou em casa. Meu marido apenas murmurou "Novo médico? Tá fazendo dieta de novo?" Eu soltei um não bem seco e fui para o quarto morrendo de ódio. Separei a roupa que eu iria tirar a foto no dia seguinte com a Mari. Mas aquilo me fez pensar. Sem dieta, sem controle de calorias, nada. Apenas seguir a medicação do médico? Eu não ia emagrecer 1 grama! Mas as palavras de Mari ecoaram na minha mente "confie em mim!" 

No dia seguinte, anotamos medidas e tiramos várias fotos. Com roupa normal e maiô. Confesso que me senti meio ridícula... Aquilo mais parecia um documentário de tv que a minha vida.  Anotamos tudo na parte azul do tal diário...  E colocamos as fotos junto com as medidas.

Durante a semana eu anotava, absolutamente tudo. Havia momentos que eu não sabia bem o que anotar em "o que estou sentindo" mas procurava ser sincera. Não sabia bem onde a Mari queria chegar. Não sabia mesmo...

[Fim da primeira parte]

Um comentário:

Micha Descontrolada disse...

eu tava precisando ler essa novela...to doida pelo 2o. capítulo já.


/(,")\\
./_\\. Beijossssssssss
_| |_................