Gente, o post é longo, por isso tenham paciência, ok?
Na primeira vez que o atual ex me deixou, foi doloroso - Claro... Foi estranho porque ele simplesmente tinha virado pra mim e dito "não dá mais. Melhor pra nós dois nos separarmos." Sem conversa, sem porquês, sem NADA.
Passei meses enclausurada na minha casa com janelas e cortinas fechadas, vivendo roboticamente. Não comia, mal dormia, não queria sequer respirar. E enlouquecia amigos com ligações sem nexo e, literalmente, sem noção.
Nessa mesma época lançaram o filme
Como esquecer, da Malu de Martino em que a protagonista vivia quase a mesma situação que eu estava passando. A professora de literatura
Júlia, vivida por Ana Paula Arósio (Lindíssima!) vive o fim de uma relação intensa. Não, ela não queria terminar. Ela "foi deixada"
(adorei essa narrativa inicial). Lembranças da relação a assombram a primeira metade do filme e ela quase leva as pessoas que querem a ajudar à loucura. Claro - na época fiquei louca pra assistir esse filme mas por um golpe do destino, eu o perdi nos cinemas. Tempo passou, subvivi
(sim, a grafia está CORRETA) por um tempo e o ex resolveu voltar. Fiquei radiante... Parecia que eu estava enterrada nas entranhas da terra e finalmente me jogaram luz... E no fim do ano passado,
bom...
Menciono o filme porque é exatamente o que eu passei e o que eu estou passando - de novo, me 'largou' novamente nos mesmos moldes: sem conversa, sem razão, sem porquês; totalmente unilateral da parte dele.
Enfim... esse feriado eu tirei pra "tentar" botar a cachola no lugar. Depois de ter literalmente explodido com um dos poucos amigos que ainda me restam, comecei a colocar a cabeça em ordem. Melhor jeito de fazer isso? Tocar projetos pendentes, retomar a
to-do list, arrumar a casa que está um caos progressivo. Enquanto almoçava e programava o dia, lembrei do filme. Procurei no youtube e
voilá!
Finalmente o vi com lágrimas nos olhos pois sei bem o que ela está passando. Não é uma coisa que "se resolve" e ponto final. Te forçam a fingir que nada aconteceu, ou se aconteceu não importa. Que a vida continua a mesma. Bom... continua para os outros, né? Pra quem tá de fora? FÁCIL! Tem até receita pronta de "como superar".
Júlia não acha que tá tudo normal. Reaprender a viver sem o amor da sua vida não é fácil. Sim, é bem simples (isso até eu admito) mas não é fácil. E forçá-la a tentar sair dessa - acho que torna o processo mais prejudicial.
Tem uma cena que eu me identifiquei totalmente: O Hugo
(amigo gay vivido por Murilo Rosa) a arrasta pra uma "baladinha tranquila" com "amigos". Todos na mesa fazem EXATAMENTE o que não deveriam fazer: Agem como se ela tivesse superado tudo, falam como ela está linda
(afinal Júlia emagreceu quase 10 kgs com a separação), afirmam que está pronta pra outra, exaltam as suas qualidades na mesa e arrematam com um casal feliz comemorando 4 anos de união.
PUTS!! TENHAM DÓ! Eu, estando na m*rda, a última coisa que eu quero ver é a exaltação da felicidade alheia. Isso é o mesmo que esfregar na minha cara "Ói, só lamento por você não ter conseguido fazer seu relacionamento dar certo. Espia como o meu tá mil maravilhas!!". O filme fala essencialmente sobre amor e desamor. Um drama que explora o vazio provocado na vida de
Júlia, que perde a noção do afeto. No filme, Júlia é lésbica e, por isso se forem ver, tenham a mente aberta pois o que acontece com ela, acontece com qualquer pessoa... E não estou afirmando que o filme é bom. Ele recebeu as mais variadas críticas e ficou pouco tempo em cartaz pois o conteúdo é controverso demais pra a maioria das pessoas.
EU gostei dele.
Estou bem longe do
NIRVANA que ela chegou ao fim do filme - quero MESMO chegar lá... Mas ainda sei que estou bem longe. Então, paciência. Sei que nesse caso o tempo não vai curar. Esse
"acidente de percurso" deixou sequelas. Profundas, abertas, pulsantes e DOLOROSAS... Se elas serão permanentes só o tempo (e a terapia) vai dizer. Ainda reintero o que eu disse
aqui. Pra vocês pode ser só uma largatixa... pra mim... é o
Grande Tiamat.